quarta-feira, 21 de maio de 2014

Viajando pelos Bálcãs: Belgrado, Sérvia

Quando comecei a planejar esta viagem, Belgrado não fazia parte dos meus planos. Mas o fantástico de poder viajar sem compromisso, é justamente conseguir alterar seus planos durante o caminho.

Ao longo de minha viagem conheci diversas pessoas que me recomendaram ir à capital da Sérvia. Muito deles homens admirados com a beleza das mulheres da região (realmente estão entre as mais bonitas do mundo), outros pelo enorme contexto histórico da região, e ainda os que gostam do clima e beleza da cidade.

A mistura desses três fatores fizeram de Belgrado, ou a "Cidade Branca" uma excelente surpresa em meu caminho.

A história da região, assim como a Bulgária, está diretamente ligado ao período dos impérios Áustro-Húngaro e Otomano.

A cidade que abriga o encontro dos rios Danúbio e Sava, marcava a divisão entre estes dois impérios. Onde hoje se localiza a parte antiga de Belgrado estava o império Otomano, com um enorme forte no alto da cidade. Do outro lado do Danúbio, onde hoje se encontra a nova Belgrado, estava o império Áustro-Húngaro.

Rio Danúbio e o lado da nova Belgrado, onde se encontrava o império Áustro-Húngaro 



Forte na velha Belgrado, onde estava o império Otomano

A influência destes dois impérios ainda é clara na cultura, idioma, arquitetura, e costumes locais.




Edifícios que sobreviveram as diversas guerras, e guardam a arquitetura dos vários períodos desta região.

Em 1912 e 1913, assim como a Bulgária, a Sérvia lutou na Guerra dos Bálcãs, com a pretensão de criar a "Grande Sérvia", estado que deveria contemplar todos os países dos Bálcãs. Nesta guerra anexou os territórios de Kosovo e Macedonia.

Em 1918, a Sérvia teve papel fundamental para o ínicio da Primeira Guerra Mundial. Criou-se o Reino da Iugoslávia, e neste mesmo ano um nacionalista Iugoslavo assassinou em Sarajevo o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono do Império Áustro-Húngaro, fato que marcou o início da guerra.

No fim da segunda guerra a Iugoslávia se converteu em um estado socialista, sendo composta na época pelos atuais territórios da Sérvia, Kosovo, Montenegro, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Macedonia e Eslovenia. Permaneceu desta forma até 1991, quando Eslovenia e Croácia declararam independência. Em seguida a Macedonia e a Bósnia-Hezergovina declararam suas respectivas independências, porém a segunda acabou marcada por violentos conflitos. A Iugoslávia deixou então de ser um estado socialista, para se tornar uma república neste ano.

Em 1998, depois de mais conflitos, a região de Kosovo se separou da Iugoslávia, ficando sobre domínio das Nações Unidas até o ano passado, 2013, quando finalmente foi reconhecida pela ONU como estado independente, se tornando o país mais novo da Europa.

Porém a Iugoslávia durou até 2003, quando então se alterou o nome para Sérvia e Montenegro. Em 2006, Montenegro também se separou da Sérvia.

As marcas de todos esses anos de luta no país estão por toda parte. Do enorme forte Otomano, que hoje abriga um belo parque na cidade, até as marcas de tiros em antigos edifícios.

Edifícios com marcas de tiro das duas guerras mundiais 






Antigo forte Otomano, hoje abriga um belo parque e memórias das diversas guerras

Conversando com os locais também vimos este clima. Nós brasileiros, fomos muito bem tratados, e fizemos alguns amigos por lá. Como de costume mundo afora, o futebol faz com que os Sérvios adorem os brasileiros. Se orgulham em dizer sobre o Petkovic, jogador que brilhou nos gramados brasileiros. 

 O Sérvio Dejan Petkovic, na sua passagem pelo meu glorioso Clube Atlético Mineiro

Porém quando falamos que iríamos para a Croácia, o tom mudou: "Croácia? O que vão fazer lá? Não percam seu tempo!". Em meio a conversa, nossos amigos servos viram um croata na praça onde estavamos. Foram em sua direcao e literalmente o expulsaram do local. Perguntarmos o porque de tanta agressividade ainda nos dias de hoje, e veio a resposta: " Se quiserem viajar, que seja para outro lugar". Ainda argumentei que deveriam superar estas diferenças,já  que o contexto histórico faz parte de outra geração, porém novamente ouvi dos jovens sérvios: "Você não sabe o que é crescer vendo bombas explodirem em sua cidade".

São daquelas coisas difíceis de contra argumentar. Não concordo, mas entendo o ponto de vista deles.

Mudamos o assunto e fomos aproveitar as animadas festas da cidade, passando antes em uma das tradicionais Kafanas, onde os Sérvios abusam da Rakia, bebida local.

A mais antiga Kafana de Belgrado 

Apesar de todo o contexto conturbado, a passagem pela Sérvia foi sensacional, e de grande aprendizado. Seguimos viagem para a "inimiga" Croácia, rumo as belas e famosas praias da região.







 

2 comentários:

  1. O post estava indo muito bem, até a foto ridícula do seu time. Aproveite essa experiência para rever seus conceitos...

    Abraços,

    ResponderExcluir
  2. kkkkk tem vicios que agente nunca perde! Ninguem e perfeito, fazer o que? Abracos!

    ResponderExcluir