Desembarquei no Myanmar no dia 21 de janeiro. Assim como quase todos que vem para cá, cheguei me perguntado o que estava escondido neste país, nas ultimas décadas, e que agora atrai tantos turistas?
Bom antes de saber as belezas guardadas por aqui é preciso entender um pouco da história local.
A "Republic of the Union of Myanmar", nome reconhecido desde 2011 pelas nações unidas, era antigamente conhecida como Birmânia. A mudança do nome se deve ao fato do termo Bimanês se referir a uma parte do povo conhecida como Bamar, maioria por aqui, mas que não inclui toda a população. Porém de maneira geral ainda chama-se o povo de birmaneses.
A cultura e religião local seguem o Budismo, conhecido como Budismo Theravada, originário do Sri Lanka, o qual acredita que para se obter o estado de Nirvana são necessários diversas reincarnações, diferentemente do Budismo Tibetano, conhecido como Budismo Mahayana. A religião é sem dúvida uma das coisas mais impressionantes deste país! As pagodas (stupas) e templos colorem este país de norte a sul.
Após a segunda guerra mundial, em 1938, a Birmânia conseguiu sua independência do domínio britânico, eclodindo a guerra civil deste país, por partes das minorias que lutava contra o governo que se instalava.
Em 1962 seguido pela onda comunista na Ásia que se espalhou por Rússia, China, Vietnam, Laos, Camboja, entre outros, a Birmânia foi assumida pelo General Ne Win, dando início a uma das mais longas ditaduras no mundo.
Este Governo aplicou reformas no país, marcada por muito sangue e consequentemente levando o país a se isolar do mundo.
Após diversas sanções internacionais, e protestos no país, finalmente em 2010 o país realizou eleições populares, porém os representantes eleitos "escolheram" o General e ex-primeiro ministro Thein Sein para voltar ao poder, o que foi considerado uma farsa pelas Nações Unidas.
De qualquer forma, de lá para cá promessas foram feitas e o país vem se abrindo e modernizando de forma assustadora como pude constatar por aqui.
Minha primeira parada no Myanmar foi em Mandalay, a segunda maior cidade do país, que já me mostrou um pouco do que a abertura do país vem alterando neste lugar. Antes de vir, conversei com alguns amigos mochileiros que não a muito estiveram por aqui, e reparei que algumas coisas haviam mudado neste pouco espaço de tempo. Um número razoável de caixas eletrônicos estavam espalhados pela cidade, redes wifi espalhadas por todos os lados, apesar de péssima a qualidade, e ainda carros novos em meio as carangas velhas, gerando um fato curioso já que os carros antigos são feitos para a "mão inglesa", enquanto os novos são na mão tradicional que usamos no Brasil, já que o governo mudou o sentido do trânsito para marcar de forma completa o desligamento do período britânico.
Mais para frente também fui notando uma enorme frota de novos ônibus para turistas, também com incentivo do governo que quer passar este ar de modernidade para o resto do mundo.
Contrastes entre a modernidade que chega, e o lado tradicional e ainda muito pobre do Myanmar
Em Mandalay fiz dois passeios interessantes, ambos de Bicicleta. No primeiro dia fui a Mahamuni Paya, que guarda uma imagem em Ouro de Buddha, de 4m e que é extremamente venerada pelos locais. O segundo foi o Mandalay Hill que abriga diversas pagodas no caminho até seu topo.
Mahamuni Paya e arredores No segundo dia parti para uma pedala mais pesada. Fui de barco até um vilarejo chamado Mingun, que abriga a ruína de uma Stupa que nunca foi terminada e que deveria ter 150 m, porém foi destruída por um terremoto. De lá foram 40 km de pedal passando por Sagaing e Amarapura, onde está a U-Bein's Brigde, com 1,2 km, toda em madeira, um ótimo local para o pôr-do-sol.